Entre os chineses, há uma tradição milenar de uma conversa com os recem nascidos. Quando o bebê começa chorar, um adulto fica bem próximo do ouvido dele e diz : "Não chore, foi você quem pediu pra vir" - Esta prática repetida ao longo de muitas gerações, serve para exemplificar um pouco esta nossa experiência humana temporal. Talvez o choro prematuro seja uma forma de dizer : "caramba, vai começar o sofrimento. O que é que ei vim fazer aqui?". Independente da sua crença nestes escritos, os filhotes dos seres humanos, sãos mais frágis entre todas as espécies, completamente dependentes de uma ação efetiva dos pais.
Os medos parecem nos assaltar a cada momento; acostumados as vozes mais próximas, os bebês caem no choro diante de uma voz diferente, rostos, cheiros, gestos, tudo é guardado e devidamente identificado.
O medo de escuro, medo de chuva, de trovão, de altura, de ficar trancado, medo de servir o exército, medo das provas de fim de ano, medo de falar em público, medo do primeiro encontro, do vestibular, do concurso, do casamento.
Este tema tem sido explorado por muita gente. Hollywood trouxe as inquietações do super herói Batman, que precisa vencer o medo da infância encrustrado no subconsciente, para vencer os bandidos do dia a dia. Ou o homem aranha que também vive seus conflitos também alicerçados no medo. Sob o ponto de vista psicológico, o medo é na realidade uma forma de preservação. é o medo de andar em uma rua escura que nos protege de ataques indesejáveis, ou o de altura que nos faz ficar atentos evitando a queda, ou seja, num primeiro momento o medo é uma proteção. O problema é quando este medo extrapola e se demora, nos aprisionando e impedindo ações básicas. Deste modo o que era positivo vira um grande problema.
Conviver, superar, ultrapassar barreiras. Os verbos comandam o vocabulário. Quem assimilar o medo pode transformá-lo numa arma à favor. Quem não administrá-lo, pode permanecer imobilizado.
As crianças parecem dar o grande exemplo nestas horas. Quem não se lembra de quando enfiava a mão na boca do cachorro, quando puxava ele pelo rabo, quando se jogava de cima do sofá fazendo piruetas...Fugindo um pouco do lado psicológico do processo, me permitam filosofar sobre tal. A impressão que fica depois de voltarmos o filme de um sujeito com medo, claro, considerando as exceções à regra, por vários motivos que poderiam ser objetivo de aprofundamentos, veremos que à proporção que crescemos, vamos vamos assumindo sentimentos que nos tolhem a própria liberdade, adultos são pessoas acorrentadas, ficam muito sérias, levam tudo muito a sério, nos tornamos mais tristes, centrados no dia a dia com suas contas a pagar e necessidade de faturar cada vez mais, nos tornamos robots, quase sempre sem um manual de instrução, ou um vidrinho de óleo para colocar em nossas engrenagens. é como se começassemos construir uma casa em nosso redor e cada dia colocássemos um novo tijolo, até que ninguém nos visse e que nós não vissemos ninguém.
Você anda se sentindo meio sem ar ? - Então imagine uma picareta enorme, segure-a com força e comece destruir as paredes destes muros que você construiu para se proteger.
Lembra quando você tomava banho na chuva com trovões e relâmpagos caindo sem parar. Tente, não morra antes de tentar.