Muitos já me falaram da experiência de descer o Rio Corda numa bóia. Todos dizem que é uma sensação fantástica, você sobe na bóia e se deixa levar não se sabe pra onde.
De um modo geral boa parte de nossas vidas, nós buscamos um tal equilíbrio. Como aquele homem do circo andando nas alturas apoiando-se num cordão muito fino. A platéia sempre espera o momento em que ele vai despencar sobre a rede de segurança.
No exercício diário desta arte de viver vivenciamos a mesma experiência; tentamos o tempo todo nos protegermos da dúvida, das dores, dos amores, das dívidas, dissabores...como "joão teimoso", caimos e subimos, teimosos. Mas há momentos creio, em que ha necessidade de nos fragmentarmos para recriarmos um quadro melhor da existência... de nos dissolvermos no éter.... Igual aqueles turistas que descem o rio corda de bóia, precisamos nos soltarmos na correnteza, sem saber pra onde ir. Em algum momento a bóia vai parar. E quando quando chegarmos lá embaixo, talvez a gente descubra o sentido da luta do salmão para vencer a correnteza desafiando a gravidade. Talvez a gente descubra que o que nós procuramos está mais perto do que a gente pensa, é barato, possível. Acho que preciso limpar um pouco essa lente embassada que me deixa, com o passar do tempo, um pouco desorientado no meu caminhar.